Estratégias para crianças com défice de atenção


- As crianças com défice de atenção necessitam de organização, de estrutura, de directrizes e de repetições. O estabelecimento de regras, expostas e de fácil leitura, ajuda a criança a saber o que é esperado dela, o que lhe transmite segurança. O clássico conjunto de regras, exposto na sala, de uma forma visível e apelativa, após terem sido trabalhadas em grupo, é um meio auxiliar muito eficaz. Convém ter em conta a necessidade das regras serem colocadas na positiva, e de se recorrer a elas sempre que uma seja desrespeitada. As crianças necessitam ouvir com frequência, por isso repita-as, fale acerca delas, promova o diálogo, etc.

- Um sistema de créditos (economia de fichas) é uma possibilidade válida de alterar alguns dos comportamentos indesejáveis. Convém que seja realizado na positiva, nunca na negativa, com prémios concretos que, à medida que os objectivos vão sendo alcançados, vão sendo substituídos por elogios (por ex.). No início da aplicação do sistema, os critérios de avaliação terão níveis de exigência mais reduzidos, ocorrendo um aumento gradual à medida que o tempo passa e os objectivos vão sendo alcançados.

- Dar feedback, de uma forma construtiva, com frequência. As crianças beneficiam muito com o retorno frequente do seu resultado. Tal facilita a ocorrência dum comportamento desejável, possibilitando à criança saber o que lhe é esperado, e se está a atingir as metas esperadas, o que pode ser um excelente incentivo.

- Possuir pensamento positivo. Na maioria dos casos, quando se corrige uma criança, existe a tendência para dizer :"Não faças isso"; quando o que surtirá mais efeito será dizer: "Faz isso". Procurar dizer pela positiva, ao invés da negativa. Desta forma permite-se à crianças interiorizar o que tem de fazer, o que se espera dela, ao invés do que o que não se espera que realize.

- Existe elevada associação entre o défice de atenção e a baixa auto-estima, normalmente como consequência directa da primeira. Convém que a criança seja "alimentada" com incentivos e apoios, não apenas quando termina tarefas, mas também durante a realização das mesmas. Valorizar mais o esforço que o resultado final.

- Deve-se procurar salientar os aspectos positivos da criança, evitando tratá-lo por apelidos ou realizar comentários depreciativos. Quando for necessário criticar, deve-se criticar o comportamento específico, mostrando, no entanto, que ela pode melhorar e, de uma forma pedagógica, mostrar-lhe a forma correcta de agir. Perguntas do género "Sabes o que fizeste?, ou "Como é que achas que podias ter feito de forma diferente?" ajudam a promover a auto-observação.

- Estabelecer tarefas de conclusão rápida (inicialmente), começando a aumentar gradualmente a complexidade e duração das mesmas, fomentando a aprendizagem da organização. Relativamente a grandes tarefas, procurar dividir em menores. Grandes tarefas, em crianças com défice de atenção, frequentemente resultam num nível de resposta do tipo "eu não sou capaz". Pela divisão de tarefas, o adulto pode permitir à criança que demonstre a si própria que é capaz, e evitar sentimentos de frustração.

- Na sala, procurar colocar a criança junto do adulto, tal ajuda a evitar a distracção. De igual forma, juntar a criança perto de outras bem comportadas, pois ela necessita de modelos para se estimular.

- Procurar juntar as mesas em círculos, ou em "U". Tal facilita o contacto e o "olho a olho" com os restantes colegas, o que ajuda a evitar a dispersão.

- Utilizar, sempre que possível, metodologia visual. Procurar escrever no quadro palavras chave enquanto se fala dos assuntos.

- Ser criativo e procurar inovar, tal entusiasma as crianças, ajuda a motivar e a manter a atenção.

- Alternar actividades mentais e físicas.

- Muitas vezes, o "chamar à atenção" verbal pode ser trocado por um simples olhar, que ajuda a criança a manter-se atenta. O mesmo resultado pode ter um pequeno toque físico quando esta se distraí (Ex.: leve toque no ombro).

- Promover a prática de exercícios físicos, tal ajuda a "libertar" o excesso de energia, contribuí para o aumento da capacidade de concentração, além de ser divertido.

- Procurar fomentar a comunicação Pais/Escola, não apenas duma forma reactiva, após a ocorrência de dificuldades, mas sim duma forma construtiva e preventiva.

A agressividade nas crianças

Uma dificuldade comum à generalidade dos pais, prende-se com a forma como lidar com a agressividade dos seus filhos. É necessário aceitar que, bem doseada, a agressividade é natural e até essencial para a criança poder brincar com as suas fantasias agressivas, de forma a poder desenvolver a consciência da diferença entre a brincadeira e a verdadeira violência. Apesar de não existirem "soluções milagrosas" para lidar com a agressividade duma criança, ficam aqui algumas ideias que podem ajudar no dia-a-dia:

- Quando existe uma agressão por parte da criança, deve-se perguntar sempre o motivo de tal gesto. Mesmo que a criança não responda, obriga-a a pensar. Faze-la pedir desculpa à agredida;

- Procurar o diálogo e ser paciente. Muitas vezes, o tom de voz diz mais do que as palavras. Procurar ouvir a criança;

- Impor limites claros. Quando for necessário, dizer não, mas tentar sempre dar uma explicação;

- Não ter receio em impor a autoridade:

- Não bater nas crianças (devem ser os adultos a dar o exemplo).

- Manter a expectativa de comportamentos adequados e reforçá-los positivamente quando manifestados.

Normalmente, a agressividade não está a expressar raiva, mas sim outros sentimentos como insegurança, mágoa, etc. É necessário ter em atenção o aumento da agressividade de uma criança, procurando compreender as causas por detrás desse comportamento.